quarta-feira, 6 de abril de 2011

A INFLUÊNCIA DA LUDICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DA INTENÇÃO E INTERAÇÃO COMUNICATIVA DE UM INDIVÍDUO COM AUTISMO

RELATO DE CASO


A INFLUÊNCIA DA LUDICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DA INTENÇÃO E INTERAÇÃO COMUNICATIVA DE UM INDIVÍDUO COM AUTISMO


Ana Ester Morais Alves¹, Érica Alessandra Caldas², Camila Malcher Teixeira³


RESUMO

O autismo é considerado atualmente como uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas em conseqüência de um distúrbio de desenvolvimento, sendo caracterizado por déficit na interação social. Apresentamos aqui o caso de um paciente encaminhado a Clinica Escola de Fonoaudiologia do UniCEUMA em São Luis do Maranhão, com autismo, apresentando sinais de alterações na comunicação oral. O indivíduo foi submetido a um protocolo de anamnese e uma avaliação fonoaudiológica de linguagem, onde foi constatada grande alteração no que se refere à intenção e interação comunicativa do indivíduo, devido a esse fator o paciente passou por sessões fonoterapêuticas envolvendo a ludicidade, onde se pode observar no decorrer das sessões a influência e a eficácia do lúdico para o desenvolvimento da intenção e interação comunicativa do indivíduo.


Unitermos: Autismo; Intenção; Interação; Ludicidade

INTRODUÇÃO

 

A expressão autismo foi utilizada pela primeira vez por Bleuler em 1911, para designar a perda do contacto com a realidade, o que acarretava uma grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação (1). Kanner, em 1943, usou a mesma expressão para descrever 11 crianças que tinham em comum comportamento bastante original, sugerindo que se tratava de uma inabilidade inata para estabelecer contacto afetivo e interpessoal (2).

O autismo é considerado hoje em dia como uma síndrome comportamental com etiologia múltiplas em conseqüência de um distúrbio de desenvolvimento, sendo caracterizado por déficit na interação social visualizado pela inabilidade em relacionar-se com os outros, usualmente combinado com déficits de linguagem e alterações de comportamento (3).

A maioria das crianças autistas se relaciona com os adultos apenas como provedores mecânicos de suas necessidades elementares, mas depois se tendem a afastar-se quando são feitas tentativas de comunicação ou até ficam próximas, mas nunca fazem contato espontaneamente ou demonstram qualquer desejo positivo de interação social (4).
O lúdico é uma forma pela quais as crianças podem perceber como se encaixam
dentro de um ambiente, além de promover o processo de socialização e interação com o próximo (5). As técnicas terapêuticas envolvendo a ludicidade têm um papel fundamental na contribuição para o desenvolvimento dessas relações sociais entre elas a intenção e interação comunicativa desses indivíduos (6).

 
CASO CLINICO


Neste artigo, apresentamos um caso de um paciente portador de autismo, do sexo masculino, 13 anos, natural e procedente de São Luis-Maranhão, com déficits intelectuais e alterações em nível de linguagem, o mesmo foi encaminhado a Clinica Escola de Fonoaudiologia do UniCEUMA. O paciente foi submetido a um protocolo de anamnese e avaliação fonoaudiologica, além da conversa formal e informal, foi lhe oferecido várias atividades lúdicas, como jogos de encaixe e bola, onde foram observadas alterações em níveis de intenção e interação comunicativa, ocorrendo ausência de iniciativa para a comunicação tanto gestual como a oral, pois o paciente não demonstrou nenhuma forma de interesse pelo que lhe foi apresentado, o mesmo sempre isolado, distante e de cabeça baixa sem demonstrar qualquer tipo de reação quanto à intenção de realizar as atividades e muito menos a de interagir com o terapeuta. Realizada a avaliação e identificação da alteração, o paciente passou por sessões fonoterapêuticas, onde utilizamos os mesmos recursos da avaliação, as atividades envolvendo a ludicidade com, bola, jogos de encaixe, quebra cabeça e pintura, na terceira sessão o paciente apresentou a primeira tentativa de intenção comunicativa, quando colocado os blocos de encaixe sobre a mesa, o individuo olhou para os mesmo e o pegou pela primeira vez, na quarta sessão o paciente já passou a interagir com o terapeuta, já conversavam de forma esporádica e montava os blocos de encaixe, hoje em dia o paciente obedece a ordem simples, realiza atividades de pintura, adora jogar bola e sai sempre abraçado da sala de terapia com o seu terapeuta, assim podemos afirmar com toda e total convicção a influência e a eficácia do lúdico para o desenvolvimento da comunicação, principalmente nos níveis de intenção e interação comunicativa de um individuo.


DISCUSSÃO


O autismo caracteriza-se com uma alteração na linguagem comunicativa do indivíduo (7). Essas alterações na comunicação requerem um enfoque metodológico especial e para diagnosticar o problema, inicialmente é feito uma anamnese, ou seja, uma conversa inicial onde essa anamnese deve seguir toda história clínica, definindo ao máximo todos os dados da enfermidade atual, os antecedentes pessoais, aspectos fisiológicos, patológicos e sociais, pois uma história completa e detalhada evita erros, assim obtendo um diagnóstico correto e preciso (8,9).

a linguagem comunicativa foram demonstradas em várias investigações, uma vez que essas atividades puderam identificar se a comunicação do indivíduo está ou não alterada (12,13).

Outro passo importante é a avaliação fonoaudiologica, no que se refere  ao exame da linguagem são avaliados os aspectos sintático, semântico, morfo-sintático e pragmatismo como a intenção e interação comunicativa do indivíduo, onde é observada a organização do discurso, manejo da informação e linguagem como forma de intervir na relação social (10,11).

No caso relatado para avaliar os aspectos citados a cima foi utilizado, uma conversa formal e informal, jogos de encaixe, pintura e bola, pois a importância e eficácia desse tipo de exercício para avaliar

Na avaliação é onde se pode observar e pontuar as alterações que forem identificadas no sujeito, onde indivíduos com autismo tem grande possibilidade de apresentarem alterações comunicativas, haja vista que essa é uma característica típica dessa síndrome, uma vez apresentada a alteração na linguagem comunicativa é necessário o acompanhamento fonoaudiologico, pois o fonoaudiólogo é o profissional qualificado para tratar dessas alterações (14,15).

Nas terapias fonoaudiologicas o terapeuta vai observar e estimular todo esse processo de intenção e interação comunicativa, em se tratando de atendimentos a criança é fundamental a utilização de atividades lúdicas com, pinturas, jogos de encaixe e quebra cabeça, pois essas atividades tendem a despertar mais interesses nesses indivíduos assim favorecendo um melhor processo comunicativo desses pacientes autistas e automaticamente melhorando a sua qualidade de vida (16,17,18).


CONCLUSÃO



Pudemos evidenciar e concluir que o método da ludicidade é um fator extremamente importante de ser utilizado nas terapias fonoaudiologicas com crianças com alterações de intenção e interação comunicativa, assim contribuindo para seu melhor desenvolvimento comunicativo interacional.




REFERÊNCIAS

1. Ajuriahuerra J. Las Psicosis Infantiles. In: Manual de Psiquiatria Infantil. 4ª ed. Barcelona: Toray-Masson; 2004. p. 673-731.

2. Kanner L. In: Gadia, A C, Tuchman R, Rotta N. Autismo e doenças evasivas do desenvolvimento. Site scielo. 2004. p. 1.

3. Gilberg G. Infantile autism diagnosis and treatment. In: Sprovieri, H M, Assunpção, B F. Dinâmica Familiar de crianças autistas. Site scielo. 2001; p. 1.

4. Wing, L. Que é autismo. Autismo. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. p. 5.

5. Bryzz, K. Contribuições das Narrativas ao histórico Lúdico. In: Parham, D. L.; Fazio, S. A recreação na Terapia Ocupacional Pediátrica. São Paulo: Santos, 2002. p. 24.
6. Wing, L. A abordagem educacional para crianças autistas. In: Gauderer, C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. p. 109.

7. Rutter, M. Autismo Infantil. In: Gauderer, C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. p. 81.

8. Casanova JP. Manual de fonoaudiologia. 2ª ed: Disfasia infantil e afasia congênita. Artmed. 1997; 9-1.

9. Arantes LO. O fonoaudiólogo, este aprendiz de feiticeiro. 2ª ed. Cortez. 1997; p. 29.

10. Gerber A. Problemas de aprendizagem relacionados à linguagem. Lovise. 1996; p. 53-2.

11. . Zorzi J. O fonoaudiólogo, este aprendiz de feiticeiro. In: Lier- DVFM. Fonoaudiologia no sentido da linguagem. 2ª ed. Cortez. 1997; p. 30.

12. Aguado G. Atraso de linguagem. In: Manual de fonoaudiologia. 2ª ed. 2002; 203-14.

13. Leon, C. V. O que e como ensinar ao Autista. In: Gauderer, C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. p. 224.
14. Pastorello ML. Fonoaudiologia em distúrbios psiquiátricos na infância. Lovis. 1995; p. 45-3.

15. Fernandes MDF, Pastorello ML, Sehuer IC. Fonoaudiologia em distúrbios psiquiátricos na infância. Lovise. 1995; p. 55-3.

16.  Tantam D. Fonoaudiologia em distúrbios psiquiátricos na infância. Lovise. 1995; 57-3.

17. Paimes MP. Afasia infantil. In: Manual de fonoaudiologia. 2ª ed. Artmed. 2002; 281-18.

18. Monfort M. Disfasia e Afasia congênita. In: Manual de fonoaudiologia. 2 edª: Artmed. 2002; 216-15.









 

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